Viver dá um bocado de trabalho e a vida não é tão bela como dizem por aí, mesmo que insistam em dizer que devemos “olhar a beleza da vida” ou que existe algum poder só em pensar positivo frente às circunstâncias da vida.
O que quero provocar é que estar no mundo não é simples e nunca será, estamos sujeitos a dor, a tristeza, aos riscos, a consequências etc.
Quando esse discurso de “positividade” chega aos nossos ouvidos, ela pode causar a falsa impressão de que não podemos estar tristes, angustiados, inseguros sobre algo ou alguém.
A nossa sociedade é mestre em regular os modos que o ser humano tem de se expressar, ditando formas em como demonstrar nossos afetos e como nos sentimos quando somos afetados pelo mundo, como se existisse uma forma adequada de nos expressar.
Isso também acontece com a arte e cultura. Quando alguém diz que quer ser escritor/a, cantor/a, pintor/a, cineasta, dançarina/o etc. E em geral, há uma reação muito desconfortável de desvalorização dessas profissões e de pessoas que ocupam esses espaços.
Chorar não é sinal de covardia, ser uma pessoa sensível e que demonstra o que sente também não é sinal de fraqueza, pelo contrário, é uma forma de demonstrar sua força e lidar com os acontecimentos da vida.
Quantas vezes você já se sentiu inibida/o por querer chorar ou falar sobre o que sente com receio do que as pessoas pensariam, ou com medo de ser rejeitada/o, ou porque alguém disse que você não deveria ser assim?
Viver é esse desconforto e por todos os lados somos confrontados por alguma coisa que nos incomoda no mundo.
É preciso se permitir sentir a tristeza, chorar, expressar nossos afetos, principalmente, quando algo nos incomoda, e se perguntar o que essa coisa que me causa tanto sofrimento tem a dizer sobre mim, por quais motivos essa ou aquela situação mexe comigo.
Quando não há espaço para a expressão ou transformação dos nossos afetos, o sofrimento pode se manifestar em forma de ansiedade, depressão, pânico ou se manifestar pelo corpo.