A questão do Ser na obra Ser e Tempo de Martin Heidegger

A questão do Ser na obra Ser e Tempo de Martin Heidegger

A busca pelo sentido do ser e sua interpretação é apresentada como questão fundamental para metafísica. Heidegger em sua obra Ser e Tempo, logo no primeiro capítulo, aponta as vicissitudes do conceito de ser na filosofia, sobretudo a maneira como a questão foi, de certo modo, esvaecendo e “trivializado” desde Platão e Aristóteles, sendo assim, aponta as falhas e preconceitos da antiga ontologia e sugere uma nova maneira para elaborar a colocação sobre a questão do ser, tendo em vista dar fundamentação conceitual ao ser e base para a possibilidade de sua interpretação tanto na filosofia quanto nas ciências. Pretende-se apresentar uma pequena síntese dos primeiros 4 parágrafos da obra Ser e Tempo em que Heidegger aponta a Necessidade, estrutura e primado da questão do ser.

A questão sobre o ser fora fundamentada na ontologia antiga, Aristóteles foi o último filósofo a avançar nas investigações sobre o ser, entretanto, os filósofos que o sucederam até chegar ao determinismo de Hegel não conseguiram esclarecer a obscuridade da questão e, dessa forma, estabeleceu-se um “dogma” sobre o conceito de ser, contribuindo para o surgimento de três preconceitos limitantes para futuras investigações, a saber, o ser como conceito mais universal, indefinível e evidente por si mesmo. A partir dessas constatações, Heidegger identifica que não só o conceito de ser é obscuro como a própria pergunta também o é, logo, vê a necessidade de repetir a questão do ser não apenas para mudá-la, mas a maneira da colocação da questão.

Sabendo da necessidade de colocação da questão do sentido do ser, Heidegger apresenta a estrutura formal de um questionamento. Todo questionamento possui um questionado (ou procurado): àquele ao qual é direciona a pergunta, nesse caso, é ao ser e “o que determina o ente pelo ente” e “diz sempre ser de um ente” (p.32); há também o perguntado, isto é, àquele do qual se que saber, logo, a busca é pelo sentido do ser, para então, elaborar o conceito de ser; por fim, o interrogado, o que questiona e tem, no fenômeno, acesso ao ente. Com efeito, se “o ser é sempre ser de um ente”(p.35), logo o interrogado da questão sobre o sentido do ser é o ente. Porém, ente pode ser tudo que tocamos, falamos, entendemos e também pode ser o que somos e como somos, sendo assim, o único ente capaz de compreender, apreender, questionar dar sentido ao próprio ser é o Dasein (Ser-aí). Isso só é possível porquanto o Dasein possui compreensão vaga e mediana do ser em sua cotidianidade. Nisto consiste o privilégio ôntico-ontológico da questão do ser.

O Dasein é a base da ontologia fundamental, o único ente que possui o primado múltiplo, isto é, ôntico, pois é determinado em seu ser pela existência (sendo); ontológico, porque possui compreensão do seu ser e do ser de todos os entes; e por fim, possui a condição ôntico-ontológica, visto que é fundamento à possibilidade de fazer todas as ontologias e ciências, precisamente porque sem a compreensão pré-ontológica do ser não é possível realizar uma compreensão prévia do “mundo” e do ser dos entes.

Referências:

HEIDEGGER, Martin. Ser e Tempo. Trad. Fausto Castilho, Campinas: Unicamp; Petrópolis:Vozes, 2012.

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Anna Carolina Cutrim
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